:: responder

julho 14, 2005

às vezes alguém responde.
da escuridão para onde se escreve, volta alguma claridade. do silêncio de ler, volta algum brilho d'alma.
as respostas que nos ajudam nada têm a ver com a pergunta. são ecos. são novos apelos.
às vezes escreve-se sobre a tristeza e a resposta que mais ajuda não é "alegra-te", mas "eu estou triste também". as pessoas não se entendem porque procuram sempre uma conclusão, que é como quem diz, um fim para o que as move. "porque é que dizes isso?" não é uma pergunta. "porque é que fizeste aquilo?" não tem resposta. comunicar não é trocar unicidades - é partilhá-las.
" eu também" é a resposta mais bonita a tudo o que se possa dizer.
pergunta-se "porque é que me sinto sozinho?", e a resposta certa é "eu também me sinto sozinho".
não é, em tom moralista, " foi porque não fizeste isto ou aquilo e é isso que tens de fazer".

para a Rita. por teres "respondido".
excerto do livro " explicações de português" de Miguel Esteves Cardoso

1 comments

  1. sim!e é por isso que não podemos arranjar respostas às perguntas que só as próprias experiências podem responder. bj

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