:: acústico

janeiro 22, 2013



hoje o telemóvel ficou no silêncio na primeira reunião da manhã.
e assim passou o dia, por distracção, até ao fim da tarde. dia produtivo, numa paz aparente e num silêncio deveras inspirador. entre chamadas não atendidas, mensagens por ler e uns quantos avisos de aplicações, nada se perdeu, deixou de se fazer, ou se destruiu.
com tanta tecnologia, criamos demasiadas dependências, que, se num primeiro momento nos facilitam o trabalho, encurtam distâncias e aumentam produtividade, numa fase seguinte, criam dependência, distraem, quebram o raciocínio  a execução de uma tarefa, a lógica de um pensamento. tenho reuniões em que já ninguém está só na reunião. chego a receber emails de quem está na própria reunião..

o mesmo acontece na vida pessoal. tecnologia a mais cria uma dependência de quase partilha obrigatória, imediata, instantânea, numa ânsia de feedback, numa feracidade de exibicionismo social quase inconsciente. não se quer perder nenhum momento, nenhum registo, nenhuma foto, nenhuma sensação.

mas com tanta necessidade (e possibilidade) de registo, perde-se o essencial: viver cada momento, partilhá-lo sozinho - ou apenas com quem se está -, sem entropias, sem distracções, quebras de frases, desvios de sorrisos. o like ao vivo, no brilho do olhos de alguém, ainda não foi substituído por nenhuma forma digital. nem será.
amanha vou deixar o telemóvel no silêncio novamente. 
e acho que assim vai continuar por alguns dias..

3 comments

  1. A maior dependência que tenho do tlm é para ver as horas, dado que não uso relógio, e para ouvir música nos transportes. Felizmente, passo dias inteiros sem olhar para ele à procura de algo, ou na expectativa de ver algo.
    Mas já vivi assim. Não quero. Não gosto.

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  2. Sabia que se pode aprender a viver assim? Trata-se só de desaprender coisas aprendidas. Mas. Ontem li sobre isso e a conclusão dos entendidos é que é mais difícil para o ser humano desaprender do que aprender. Pois claro. :)
    Parabéns pelo blog, leituras com conteúdo.

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  3. Admiro a atitude, admiro muito mesmo! Mas neste momento não o conseguiria fazer... tenho sempre medo que algo aconteça e que me liguem e eu simplesmente não atenda. É tudo psicológico, eu sei... mas é mais forte do que eu!

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