:: o dilema da entrega

fevereiro 28, 2014



uma das eternas questões nisto dos amores é aquela dúvida: 'até que ponto nos devemos entregar?'
há quem defenda que devemos ter limites, que deve haver uma espécie de lei da compensação, quase uma balança: hoje dou um bocado, e agora espero que ele dê também, e por ai adiante, passo a passo, calculoso.. não percebo. outros defendem que, pelo contrário, nunca devemos dar tudo, para não 'habituar' mal. ou seja, apenas por estratégia, não vamos ser tudo já, para termos algo para dar mais tarde.. não percebo. há ainda quem dê, para simplesmente poder cobrar no momento a seguir: dei-te tanto, agora quero que me retribuas tudo!!.. também não percebo.

para mim, o dilema da entrega é simplesmente uma não questão. porque quando se quer, quando se gosta, dá-se e pronto. tendo apenas o cuidado da gestão do 'não sufoco', não há cá que ter meios termos, ou calculismos, ou mariquices de balanças. dá-se! e dá-se tudo o que se tem agora! porque se for a sério, descansem que todos os dias vão ter algo novo, maior, melhor, mais intenso para dar. porque quando é a sério, todos os dias cresce mais qualquer coisa: um tique novo, um ponto da pele que afinal também é sensível, uma palavra que ganha novo significado, um riso tonto que se descobre no momento mais íntimo, ou apenas uma música antiga, que de repente passou a ter significado. ou todas as musicas novas, que vão ficar para sempre marcadas entre nós os dois..

eu sou dos que vota pela entrega total, de corpo e alma. sem medos, sem orgulhos parvos, sem receios de dar sem receber. assim, tenho sempre duas certezas: que quem vive comigo tem o melhor de mim, e, que nunca vou, um dia, pensar que podia ter dado mais. e isso, saber que se deu tudo, é um alívio. o mais tonto nisto, é que só quando se entrega tudo é que se cresce como pessoa. ou seja, quem vive nesse dilema, só perde enquanto não avança. hoje, por ter-me entregue loucamente, sei que sou mais homem, mais amante, mais amigo, mais companheiro de quem me recebe. se a habituei mal? ainda bem. porque sei que ela hoje também é mais mulher, mais doce, mais sensual (e esta era difícil), e até lamechas (esta então, era quase impossível). porque sei que ela, hoje, também se entrega da mesma forma, sem medo. e essa, é a maneira mais bonita de me ter agradecido tudo o que lhe dei, sem ter de dizer sequer obrigado..

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