:: incendeias'me

maio 20, 2014



há uma frase, daquelas de filosofia de cabeceira, que sempre achei piada: 'a distância para o amor, é como o vento para um fogo: apaga os fracos, incendeia os fortes!'.. e às vezes é preciso viver as coisas na pele para as sentir de verdade. para as testar. como quando parti e te deixei para trás. acredita, que assim que virei a esquina da manga de embarque rebentei em choro, com todas aquelas lágrimas que não quis deixar sair à tua frente. lágrimas já de saudades, de medo de nos perder, de medo de não conseguir aguentar. medo que o vento fosse mais forte do que tudo o que já construímos, do que as certezas que vemos no outro, do que a família que já é nossa. medo de ferir de morte a nossa alma. sim, porque somos só uma: alma junta, gémea, igual. mas não imortal..

e sim, os primeiros dias foram um sufoco. o vento deu forte, e a chama a aguentar, mas a queimar a toda a hora. a queimar a pele com falta do teu toque, a queimar o olhar com a falta do teu riso, a queimar cá dentro, bem lá fundo. juro que me apanhei várias vezes a apertar o peito, como se aliviasse uma dor qualquer que estava cá dentro, não sei onde, mas sei porquê. agarrei-me a tudo o que tinha, fiquei horas a falar só contigo mesmo sem me ouvires. a ser tua, mesmo sem saberes. a ver as nossas fotos, a sentir o teu abraço em tanta mensagem escrita, a rir com o teu sorriso nos mil vídeos, a ouvir-te nas nossas músicas, a cheirar-te na roupa que trouxe ainda vestida de ti. quando estou ali, em silêncio, juro que te ouço. ouço teu o riso solto quando digo tolices, ouço o teu fodasse quando te chateias com o meu berro brusco, ouço o teu gemido calmo quando me massajas a pele, ouço o teu respirar de sossego, quando adormeço no teu peito. ali, mesmo sozinha, sei que estou contigo, no melhor que temos: o nosso mundo, cada dia mais nosso..

e com o calor, o vento veio mais forte ainda e incendiou-me de vez. veio a certeza que não quero perder um milímetro de todo o terreno que já ganhamos ao mundo. que não posso deixar que nada se ponha no meio do mais bonito que o destino me deu: o nosso amor. com a chama a estoirar, veio a certeza que é ao teu lado que sou mais inteira, mais feliz, mais mulher. e até mais mãe. e depois tu. sempre dessa forma louca de me amares, de me dares tudo: compreensão, carinho e tanta paciência. incrível, ver-te forte desse lado, ver-te mais certo, a tentar sorrir - mesmo a saber que me escondias a tristeza que te consumia. ver-te, num passo tão rápido a quereres o futuro, a construíres o futuro - às vezes mesmo mais rápido do que eu sequer o penso. ver-te já aqui, a tratares da nossa vida, tão incrivelmente decidido. como foste decidido desde o dia em que te conheci. no dia em que disseste ao ouvido de quem nos apresentou: 'esta miúda vai marcar a minha vida'. há momentos assim, quase premonição, e nessa acertaste tanto. voltaste a dizê-lo, nos meus olhos, um dia já de madrugada. quando o sol acordou no meu corpo despido nos teus braços. acho que foi aí, naquele sol quente da primeira manhã, que me incendiaste na pele este fogo bonito. este fogo, cada dia mais forte.
sempre, cada dia mais..

2 comments

  1. Este dom da escrita é contagioso? :-)Como é que escrevem os dois tão bem?

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  2. Anónimo13.8.14

    É maravilhoso saber que existe um sentimento tão forte, poderoso, belo e arrepiante!!! Mais uma vez ADOREI cada palavra.

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