:: berenice

junho 02, 2005

"Uma acção simples, sustentada na grandeza dos sentimentos, na elegância das expressão, na violência das paixões, na espera da palavra (...) em que um verso de Racine nos surge (...) como um sopro sobre uma ferida".

supremo o diálogo em verso. o texto forte como uma pedra, que nos acerta em cheio nos sentimentos, deixa-nos assim: presos na respiração, com a alma - dorida - a transbordar pelos olhos.
não pela originalidade da narrativa. bem pelo contrário. por ser igual a tantas histórias na nossa vida. em que uma decisão, uma vez tomada determina todo o futuro. porque há momentos em que já não é possivel voltar atras. em que uma palavra, um gesto, um movimento, hipotecou todo o futuro. por alguem, com alguem, em alguem...
porque perceber tarde demais o que é para nós alguem, é isso mesmo, tarde demais. é cruel este destino que não nos deixa voltar atrás e recomeçar do zero. daí por vezes tanto receio em quebrar certos laços. porque uma vez quebrados serão para sempre. e nas quebras o para sempre é sempre mais forte.
dói acima de tudo na peça, poder ver o outro lado dos gestos e das palavras. o lado de quem não percebe, de quem fica magoado e confundido. e perceber que já fizemos alguém sofrer assim.
dói. o estômago fica preso, mas saimos da peça com a alma lavada. e cada vez mais certa dos cuidados a ter nas decisões da vida. nem cedo demais, nem tarde demais. desafio duro, saber o momento certo, não é?

BERENICE, pelas 21:30, no Teatro D. Maria II com música de Mário Laginha.

1 comments

  1. "Gostava quando mexia contigo
    quando sentia que alguém me entendia
    na minha utopia.
    Basta um comentario sem comentario
    para saber que leste e que viajaste comigo"

    sintonias

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