:: portugallidade

dezembro 09, 2011



gosto da portugalidade, aquela coisa da alma, que sentimos sem saber bem como, nem porquê. que vem lá de dentro e nos identifica entre os nossos. como o quim e o rui. os homens das raízes que se misturam, da pronúncia do norte, da asneira marota, do trabalho a pulso, do não embalar no sistema, do acordeão ao desafio, do binho e da castanha. da lareira e da vindima. do abraço e da saudade boa.

não a portugalidade do fado triste - essa tem outra beleza -, mas sim daquela que nos levou a emigrar vezes sem conta, contra os mouros, contra os mares, pela europa, pelo brasil, pelos 'estates', e por todos os outros pontos do mundo onde estamos de bandeira posta. a portugalidade da força de rir sempre por cima da desgraça. de encolher os ombros, esgar a dor, e continuar em frente. com menos lamúrias e mais aventuras. que há terceira é de vez, que quem corre sempre alcança, que a sorte protege os audazes. a portugalidade do chalana e do futre (sim, a portugalidade do futebol - a nossa melhor marca), dos empresários que vingaram a partir do nada, dos arquitectos loucos, dos escritores alucinados, dos marinheiros sem medo, que sonharam e o mundo pulou e avançou!

só com esta raiz bem funda que percorre o nosso carácter, conseguimos pegar numa musica dos beatles, juntar-lhe acordeão e ferrinhos e fazer uma coisa assim: nossa. muito nossa. um jazz bem disposto, a sorrir e a dançar, a cantar e a desafiar. porque não gosto de dar de beber à dor, que isso só piora a coisa. que se calhar nem está assim tão mal. que amanhã é o primeiro dia, que o mar há-de sempre ir e voltar, que as praias e os barões assinalados serão sempre nossos, que o engenho e a arte nos haverão de ajudar!!


ps: por tudo isto não percebo porque raio a optimus teve de começar (o que podia ser) uma boa campanha, por copiar - literalmente - um anuncio já feito e refeito. enfim, triste fado dos que continuam agarrados ao que é dos outros. o que no caso da optimus já não é defeito: é feitio.

2 comments

  1. Fabuloso texto, fantástica síntese do que fomos e do que somos! Com o orgulho posto em todas as nossas virtudes e o reconhecimento humilde de todos os nossos defeitos...

    Adoro o dueto, junta um dos nossos génios - o por vezes mal amado e subestimado Reininho - ao popular e inigualável Quim Barreiros. Em boa verdade, ambos são geniais no uso que fazem da língua portuguesa, cada um ao seu género, claro... Mas lá está, é uma pena que a ideia da Optimus seja copiada... :( É mau sinal quando até a criatividade está em crise!

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  2. simpatia, Dulce.
    salvou-se a criativdade dos duetos improváveis :)

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