:: não te beijar apenas

agosto 06, 2014



não gosto de te beijar.. apenas.
não, tem que ser mais que isso, tem que ter um sentido. um beijo tem que ter uma finalidade, ser parte de algo maior. por isso quando te beijo, não te beijo apenas - sabes isso, não sabes?

no meio da rua, em cima da mesa do restaurante, ou naquela esplanada, quando te beijo não é apenas para sentir os teus lábios. não, é também para te dizer como sabe bem estar ali contigo, num momento tão desprendido, mas tão serenamente bom. adoro os beijos que te dou quando fico ali, apenas, a ver-te chegar do outro lado da rua. por isso, nessas alturas o beijo é leve, quase que te apanho desprevenida, toco-te os lábios, lento, mas fujo logo de seguida. e fico do outro lado da mesa com aquele sorriso de puto que te roubou um beijo, com aquele olhar tonto que diz: é tão estupidamente simples ser feliz ao teu lado..
já em casa, quando te beijo no sofá a meio da série, ou daquela musica, ou quando nos cruzamos no corredor, ou apenas ali pela cozinha, o beijo é de intimidade. aquela intimidade de quem partilha os pequenos momentos de um dia caseiro como se fossem poesia. o beijo continua leve, solto, quase seda a tocar nos lábios, mas já demora mais. já tem um braço que o acompanha e te prende a cintura, já tem uma mão te pega no pescoço e segura o rosto. já tem dois pés descalços, que se juntam aos teus, apenas para sentir a pele fresca no chão da cozinha. e depois do beijo continuamos apenas. continuamos a ver a série, a acabar o corredor, a terminar o jantar. mas com aquele sabor na boca: o sabor do outro.

e há também aquele beijo a que chamas safado, porque já sabes que não é apenas um beijo. não - é um ritual de ataque, de despertar do desejo. aquele beijo que te desafia, que chega perto da tua boca o suficiente para sentires o ar que respiro, devagar, mas sem chegares a sentir os meus lábios. tu atacas e eu fujo. eu beijo-te e tu sacodes-te para trás. e ficamos ali a brincar ao desejo, a trincar o ombro - que tens sempre despido-, a massajar o pescoço, a prender-te o pulso, a cruzar as minhas pernas contra as tuas. aquela dança de beijos, que se trocam, que aceleram a respiração, que aquecem a pulsação.
e depois, há o nosso beijo.. aquele quando chegamos ao mais puro dos momentos, em que o beijo é tão descontrolado como nós. às vezes mordes, outras vezes apenas queres silenciar os teus gritos. às vezes brincas com o calor da tua boca, outras vezes não chegas sequer a beijar - ficamos ali, bocas a 2 cm de distância, quietos, num grau de inclinação curva perfeita, quase parados, olhos nos olhos, enquanto todo o resto do quarto se mexe. até que o furacão passa, o corpo acalma e a alma explode em lágrimas, que caem lentamente do meu olho para o nariz, do meu nariz para os teus lábios. e aí, finalmente, beijo-te. num beijo tão demorado como o que te quero dizer: que ali, naquele momento, és a minha casa. és a minha paz. és a parte de mim que sempre senti falta, sem perceber sequer o que me faltava. por isso, quando te beijo, não te beijo apenas - sabes isso, não sabes?

6 comments

  1. Anónimo18.4.14

    O nosso beijo sempre foi mais que simples beijo... É verdadeiramente uma declaração do nosso imenso amor. E como sinto falta da tua boca, do teu beijo no meu ombro, das tuas mordidas de amor... O nosso beijo.. Tao nosso... tao puro.. tao doce

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  2. Butterfly19.4.14

    Sem palavras 💗💗

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  3. Meus Deus! Quem és tu? Quem é que escreve assim ? ... Para quando um livro? Quero ter estas palavras todas na minha mesa de cabeceira!

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  4. Anónimo11.6.14

    Que hino tão grande ao amor!!! Tão bonito. Sorte a dela em ter-te como companheiro que cuida, que rega, que dá vaso maior para que ela possa ter espaço para crescer...

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  5. Anónimo25.5.15

    Simplesmente maravilhoso.

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