:: o olhar

julho 25, 2014


a maneira mais bonita de admirar alguém é pelo olhar. naqueles momentos em que não precisamos de dizer nada para falar com os olhos. porque não há apenas um olhar: há milhares, múltiplas formas de dizer que gostamos, que queremos, que nos orgulhamos. por muitos dicionários que se juntem, não há palavras que descrevam a força de um olho cheio de brilho.
por isso, gosto tanto de te olhar - especialmente quando não sabes. olho-te enquanto falas divertida com os nossos amigos, e admiro a tua forma de ser. olho-te enquanto danças na janela, contra a luz, e admiro a tua elegância tão natural. olho-te enquanto acaricias o nosso filho, ou quando te enrolas com ele numa luta tonta na relva do jardim, e emociona-me a mãe perfeita que és. olho-te enquanto dormes no meu peito, e sossego, homem realizado, por te sentir tão segura ali..

emoção pura é quando dois olhares se cruzam. como quando te apanho desprevenida, a olhares-me com um sorriso, no meio de um jantar de amigos - feliz pela minha alegria ao teu lado, acho eu. ou quando me olhas enquanto trabalho, ou te falo do meu novo projecto: juro que no teu olhar sinto uma admiração que nenhuma palavra consegue descrever. ou quando ficamos ali no sofá apenas a ouvir as nossas músicas, a acariciar a pele semi-nua, e a olhar. apenas a olhar o outro - o meu passatempo preferido. ou quando prendes os teus olhos nos meus, no momento em que o prazer invade o corpo, lentamente. aquele ritmo da respiração ofegante, quando o brilho dos teus olhos grita tão alto. ou quando, depois, choro em silêncio. não por dor, mas por uma felicidade imensa.

arrisco mesmo que a cumplicidade de um casal se vê por aí: pela forma como se olham.
uma das coisas que mais me arrepia é a forma como todos à nossa volta nos dizem que se percebe o quanto nos ligamos. sintonia assustadora, essa capacidade de sermos apanhados a querer o outro, apenas com o olhar. como hoje, no meio do centro comercial: ficaste numa mesa, lá longe. eu fui apanhar o tabuleiro. enquanto esperava no balcão, olhei-te ao longe. e tu olhaste-me. e ficamos ali de olho preso um no outro, minutos de conversa, de carinho, de palavras que trocamos apenas pelo olhar. ali, por momentos estávamos só nós, no nosso mundo, mesmo no meio de uma multidão.
juro que me senti no meio do cenário de um filme, naquelas cenas finais, em que apenas se ouve a banda sonora e a câmara acompanha as personagens principais. sabes, daqueles filmes com finais felizes. mas não dos de ficção, não, daqueles que falam de histórias reais. sabes, daquelas histórias difíceis, cheias de armadilhas, mas que desde o inicio percebemos que vão acabar bem. isso, já sabes, dessas histórias, bonitas, como a nossa.

3 comments

  1. Anónimo8.4.14

    E eu que sou uma sonhadora, bebo cada palavra deste post, porque e disto que todos precisamos ,,de nos perdermos de amor num olhar,,como se de um filme se tratasse.

    Lindo como sempre,!

    Parabens pela partilha..

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  2. brutal, como só o amor sabe ser...

    :-)

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  3. Amei este texto. :)

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