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maio 29, 2013



nos dias que correm, cada vez mais imediatos, partilhados e padronizados, a tendência é para o afunilamento de padrões. uns são nerds dos computadores, outros são intelectuais das letras, outros fito-desportisto-atletas. há ainda os viajantes profissionais, os preguiçosos intencionais, os mil fashionistas, os swagger's emprestados e os novos winelovers. para mim, não passam todfsas das mesmas ovelhas que seguem o carreiro do caminho, todas com a mesma cor, o mesmo gosto. cansam-me. porque o que gosto mesmo são dos outros, dos que mantêm o que são, seja qual for a moda. daqueles que tem um toque que é a sua marca. não é só o que são, como são, ou como vivem, mas aquele toque especial que lhes dá uma piada única, ou um estilo próprio, ou até mesmo aquela irritação boa, quase de estimação. porque as pessoas verdadeiramente interessantes tem um toque que se adivinha, que se percebe, que se antecipa. um toque que não se vê, que não se consegue descrever, mas que se sente..

gosto daquelas pessoas que tem sempre o seu estilo, estejam na festa mais deslumbrante, ou apenas caídos, ali na relva de um jardim. as que dançam a música, não por quem canta, mas pelo que canta. que sabem conversar horas, de todos os assuntos, mas sem nunca se levarem muito a sério. que são bonitas, não pelo que exibem, mas pelo que guardam em si. e, gosto ainda mais das que sabem reconhecer - e apreciar - esse toque nos outros. porque não há nada que me deixe mais feliz, do quando me dizem 'vê-se logo que foste tu que fizeste', ou 'tinhas de ser tu a descobrir isso'. e isto, não é porque somos melhores ou únicos. é o contrário, é mesmo na nossa imperfeição, nos nossos defeitos, termos sempre um vinco que deixa a nossa marca boa. seja a forma de rir quando estamos a dizer parvoíce, ou a forma de abraçar quando dizemos que gostamos, até a forma de ocultar (por carinho), quando fugimos aos problemas. ou aquela forma de cuidar, sempre atenta aos pequenos sinais, cheia de pequenos gestos que se tornam grandes, pela simples forma se saber estar: presente.

hoje, sei que o que distingue os grandes amores é a sintonia nestes pequenos toques, que fazem do mais normal dos dias, um momento sempre especial. é saber que se tem uma pessoa bonita e especial à nossa frente, mas que são os grandes detalhes que a fazem nossa paixão. coisas simples, como a forma de tomar café, ali meio a cair do balcão entre pernas encruzadas, seja em que casa for. ou ir às compras, e fazer sempre daquilo uma diversão, seja na loja mais in, ou no supermercado mais out. é haver sempre uma musica nova que é tão nossa, seja de quem for. é o cheiro da pele fresca da manhã, sempre familiar, seja em que banho for. é a forma como adormeces no meu peito, seja em que cama for. é o brilho do olhar no outro, que se reconhece quando está feliz, seja a que distância for. e sabes, é o nosso toque, que nos deu esta forma tão improvável de sermos iguais. porque somos almas que vivem da mesma forma: entregue. não apenas ao outro, mas ao tanto que sabemos que vamos viver com o outro..

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