:: mind pleasure

outubro 02, 2014



na vida, vamos aprendendo a ter prazer por camadas. como se fosse uma pirâmide que se sobe, degrau a degrau, cada vez com sabores novos. prazer no que fazemos, no que gostamos, do que vivemos. de quem vivemos. e da forma que vivemos esses que nos rodeiam. primeiro, na base da pirâmide os básicos - o que nos conforta as necessidades primárias: o que nos aquece no frio, como uma manta, ou o colo de uma mãe. o que nos refresca no calor, como uma banho de mar, ou uma corrente de ar na janela aberta. depois o que comemos, o doce, o salgado, o gelado, o picante. e ao longo da infância vamos aprendendo mais um rol de prazeres simples, que nos entram nos dias.

quando começamos a ganhar alguma maturidade passamos a outro nível da pirâmide. os prazeres que passam do físico para a capacidade de apreciar: uma música, uma pintura, um texto. um corpo. aprendemos a gostar de ouvir, de ler, de ver. aquele gosto na descoberta sempre de algo novo. viajamos, pesquisamos, encontramos: lugares, imagens, pessoas. e neste ritmo de layers que se somam vamo-nos realizando, crescendo, desenvolvendo a capacidade de apreciar. já adultos descobrimos o prazer de fazer. de ver acontecer coisas que saíram das nossas mãos, das nossas ideias. no trabalho, na profissão, em casa - as festas com os amigos, os jantares demorados, os presentes simples, mas cheios de significado. descobrimos o prazer de criar, mais que coisas, momentos que se partilham com quem se gosta.

mais reservado, é único o prazer de ter pessoas felizes em nós. primeiro o prazer do namoro, do flirt que fica sério. do sorriso que fica emoção. depois os mil prazeres do corpo. dos corpos que se tocam, que se devoram noites dentro, cada vez mais íntimos. mas prazer a sério, é aquele que passa pela inteligência, pela descoberta de alguém tão igual na forma de viver, não nos dias, não no corpo, mas na alma. prazer a sério é ter quem diz as mesmas coisas, no mesmo momento. que percebe aquela música, mesmo sem a ouvir. prazer a sério é passar horas a falar do nada, e ser feliz só por isso. é passar horas apenas a estar, a respirar o outro, e sentir que esse é o ponto mais alto da pirâmide. ou não. porque pode (deve) haver sempre algum prazer maior a descobrir. ou mesmo a criar. e esses passam sempre pela forma como conseguimos ligar-nos a alguém. e como, duas pessoas, juntas, conseguem (devem) subir sempre mais um degrau. na forma como vivem os dias entre sorrisos tontos, mesmo os mais difíceis. na forma como se deliciam - languidamente - na inteligência do outro, mesmo em silêncio. na forma como se emocionam no prazer do corpo, mesmo sem se tocarem sequer. degrau maior, é descobrir na pele que 'amo't', às vezes, é uma palavra já tão curta para tanto do prazer que se vive. junto.

5 comments

  1. Anónimo2.10.14

    ... Amo't é sem dúvida mto pouco para tudo o q temos, para todo o prazer q temos em coisas tão pequenas como cafés na bancada, como almoços na cama, como beijos de 5 minutos ao meio do dia de trabalho... prazer de verdade é sentir o teu amor, é ver't sorrir só com o olhar, é saber'm tua... e esse prazer vais/vamos ter uma vida toda.

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  2. nem sei do que gosto mais: se do teu texto, se do comentário de quem amas :-)

    beijo aos 2 :-)

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  3. e o prazer de saber o "dito" pode ser reconhecido e descrito desta forma... é de ficar sem palavras.

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  4. Que texto fantástico, muitos parabéns pelas palavras e pelo sentimento. Sejam felizes ☺

    Tomei a liberdade de partilhar o último parágrafo no meu cantinho, com os devidos créditos. Se não concordar diga-me e eu retiro imediatamente.

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  5. é mesmo assim: os prazeres moldam-se com o tempo. À medida que crescemos, os parazeres ficam mais refinados. Um simples café, numa esplanada, com a companhia certa, mesmo num dia de nevoeiro gelado, é de um prazer imenso...e não há frio que nos arrede do lugar.

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