:: aldeia local

julho 11, 2012



a monocle deste mês traz o anual ranking das melhores cidades para viver. os factores de escolha são os de sempre: cultura, economia, segurança, animação, etç. mas, dizem estes 'entendidos', que o grande desafio das cidades no futuro é a capacidade de retomar os laços entre vizinhos, de estes se conhecerem e funcionarem senão como amigos, pelo menos como conhecidos. a tal coisa do all togheter now.

para quem teve a felicidade de nascer numa aldeia apenas com quatro ruas, em forma de cruz, estes são conceitos que são naturais e reais. lá, todos se conhecem pelo nome, sabem os graus de parentesco, o que se faz e o que se fez - sabe-se até demais às vezes. lá, as portas estão sempre (literalmente) abertas, sem chaves, nem portões. o espírito de comunidade é real, especialmente nos momentos de dor ou de necessidade. com quatro anos mudei-me para uma pequena cidade, em que o espírito, embora vestido de forma diferente, também continuava lá. ao fim de pouco tempo, também todos se conhecem, integram, apoiam-se. em pequenas redes sociais reais, cruzam-se laços e toda a cidade sabe quem é e para onde vai. o teste do algodão: se alguma criança for encontrada perdida, em 3 minutos descobrem-se os pais.

isto para dizer que a maioria do nosso país é composto por pequenas aldeias - vilas, cidades - em que se vive realmente bem. em que o desafio das tais 'grandes' cidades já foi superado. e isso, tem de ser uma vantagem que temos de rentabilizar. litoralizar o país e fechá-lo em 3/4 grandes cidades é um erro histórico, crasso. por mim, não estou pela capital muitos mais anos. há um pôr-do-sol, numa encosta sobre vinhedos que precisa de uma casa de vidro para o desfrutar. é que o all togheter now funciona mesmo. especialmente nas aldeias não globais.

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