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:: breathe

outubro 17, 2011



breathe
def.:
To inhale and exhale air, especially when naturally and freely.
To pause to rest or regain breath.
To move or blow gently.. as air.
To allow air to pass through,  To be exhaled or emanated, as a fragrance. To be manifested as a feeling: A sense of calm breathed from the landscape. To reach fullness of flavor and aroma through exposure to air: Used chiefly of wine.
To impart as if by breathing: an artist who knows how to breathe life into a portrait.
To utter, especially quietly: don’t breathe a word of this..

:: diários modernos

outubro 09, 2011



lembro-me de como na minha adolescência se ofereciam diários. um caderno de capa rija e colorida, as vezes com um cadeado, de folhas brancas, para ir registando as aventuras e desventuras dos dias. hoje, os nossos diários sao mais públicos, menos confidenciais, e mais artificiais - porque são menos sinceros: são menos confessionário e mais publicitário - porque sabemos sempre que alguém o vai ler, ver, ouvir. 
antes não, os diários eram escritos apenas para, passados uns meses, uns anos, nos lembrarmos do que sentimos naquele dia..

quando todos dizem mal das tecnologias, redes sociais e afins, que são omnipresentes, que são exageradas, que controlam o dia-a-dia, eu venho aqui, contra mim falando, dizer o contrário.
o que é um defeito (esse registo permanente do que fazemos, onde estamos, com quem estamos, via fotos, posts, instas,..) pode ser uma vantagem!! se conseguirmos transformar os bits e as aplicações em presentes, cartas, fotos, papel: coisas reais. que se tocam, que se pegam com as mãos.. que se partilham fisicamente. o segredo está em juntarmos o real e o digital. pegar em tudo o que de bom o digital nos traz: a capacidade de registo, a capacidade de memória, de backup, e transformá-lo no que do real se vive: o tacto, o sentir no papel. algo físico, que se toca, se folheia, se guarda na estante, se oferece.

desafio lamechas para testar a teoria: peguem as vossas melhores fotos do instagram e imprimam. num álbum, num caderno, ou apenas para ter lá por casa, em molduras, ou em fotos avulso, para enviar com escritos nas costas. sim, por correio!!
ou peguem naquele álbum de verão que ficou no facebook e ofereçam a quem lá está "identificado" em todas as fotos: façam uma capa bonita e enviem no natal, com uma dedicatória. ou, o que espero que te delicie: pegar nas nossas conversas de meses no whatsapp, paginar, ordenar, encadernar e oferecer-te como um livro. o livro da nossa história, daquelas obras de prémio nobel, que se lêem, como se vivem: de um trago de uma noite única, que nunca terminará..


ps: isto é capaz de demorar um pouco a paginar.. loucos



:: o camaleão

setembro 14, 2011



ironia fina..

ZELIG, el hombre camaléon: un extremo caso de inseguridad que lleva a éste a camuflarse entre las personas, adaptando su apariencia para poder ser aceptado - cuando se mezcla con personas judías le crecen barbas y caireles, cuando se mezcla con personas negras su piel y hasta su tono de voz cambian..


la historia se desarrolla a finales de la década de 1920 cuando un extraño hombre empieza a llamar la atención pública debido a sus repetidas apariciones en diferentes lugares con diferentes aspectos. Este hombre, Leonard Zelig (Woody Allen), tiene la capacidad sobrenatural de cambiar su apariencia adaptándose al medio en el que se desenvuelve, por lo que es conocido como el hombre camaleón. A partir de estos datos se empieza a narrar su historia, incluyendo testimonios y presentación de los hechos, a manera de documental, de diferentes testigos de los acontecimientos.

:: if i..

setembro 09, 2011

se eu parar de te segurar a mão. seguras-me tu a minha?..

https://www.youtube.com/watch?v=yyMg80cMOUs

:: a festa

agosto 07, 2011



tu és a minha festa. a única. podem vir mais paixões, mais amores, até pode vir outra pessoa que seja a minha vida. mas a minha festa, és tu. a única. porque ao teu lado, porque juntos, cada dia, cada hora, cada pequeno momento é uma festa. uma alegria parva, seja no momento mais intimo, ou no mais banal. no mais carinhoso, ou no mais safado. ou até do momento mais triste, fazemos uma festa. este nosso vício de brindarmos a toda hora, de saltarmos sempre os carris do lamechas para o gozo, do amor para o mau feitio, do riso para a lágrima. do corpo para a alma. esta coisa de vivermos sempre em comunhão parva, das frases que dizemos ao mesmo tempo, das mensagens iguais que trocamos no mesmo segundo, depois de horas de silêncio. ou das músicas iguais que estamos a ouvir ao mesmo tempo, quando o telefone liga a tua e a minha casa. ou as saudades, segundos depois do adeus. ou a vontade permanente do abraço, do corpo. do olhar. a festa das horas que passo a adormecer-te no ecrã do telefone..

mas o melhor da nossa festa é nunca saber ao que vamos. só sabemos que vamos bem. desde o principio: a primeira noite que acabou com o nascer do sol na tua pele semi-nua. os almoços rápidos que acabaram nos lençóis demorados. os jantares de sexta que acabaram em conversas profundas, abraçados no chão da sala. as noites em que o sono não chegou por causa de tanto riso. os cigarros que fumámos durante horas embrulhados na manta, no parapeito da janela. e a festa dos amigos, das noites em que somos só nós, mesmo no meio dos outros. aquelas em que acabamos sempre só os dois, seja a dançar no bar mais escondido, seja a mostrar-te uma música no meio da estrada, seja sentados na calçada quente do verão, apenas ali, em festa, nós os dois e um brinde.

a nossa festa é sempre intensa: dança-se, abraça-se, ri-se, responde-se, goza-se, ama-se,
sei que sou a tua festa. o único. podem vir mais paixões, mais amores, até pode vir outra pessoa que seja a tua vida. mas a tua festa, sou eu. a única.

:: acreditar

maio 05, 2011


no que é que eu acredito?

no mistério do amor, sendo maior que a morte e mais leve que o sono.
desconfio dos romances modernos, da sua falta de cortesia,
da maneira como se usa, e pouco se partilha.
dentro do quotidiano, quando quero que algo aconteça, fabrico e faço por isso.
náo é fácil, mas por vezes a urgência é tanta.. e mesmo que fuja do meu controle,
não é coisa que me desagrade.
gosto tanto de dançar, se vocês soubessem! em colectivo ou em individual,
apenas não gosto que me interrompam enquanto bailo..
gosto da Salomé, filha de Herodias, aquela imaginada pelo Wilde.

da sua natureza, do seu temperamento feminino e até da sua selvajaria e vontade.
mas isto são os livros..'

' ana moreira, na revista do luxfrágil

:: temo o homem de um livro só

maio 03, 2011



temo o homem de um livro só.
'São Tomás de Aquino


por oposição aos entendidos, que sabem muito de poucas coisas, eu gosto de saber 'um pouco' de muitas coisas. porque não necessito do saber para poder dar uma palestra. não, basta-me o saber mais simples, mas mais prático e útil, que me permite cruzar os vários campos de absorção de estímulos a cada momento: seja a arte ou o futebol, seja a arquitectura ou a agricultura, seja uma teoria politica ou festas populares, seja Pessoa ou a prosa do MEC. seja jazz ou rock, surf ou sofá..

aqui nem interessa tanto o adjectivo de qualidade, mas mais a capacidade de o saber apreciar e replicar noutros momentos. vejo a vida como um conjunto de layers que se vão sobrepondo. e quantos mais conseguirmos inserir (viver), mais fica preenchida, colorida e saborosa. a sobreposição de layers faz-nos mais completos, no sentido egocêntrico de conseguirmos apreciar muito mais coisas, mas mais importante, com a capacidade de o saber replicar noutros momentos, noutros contextos, projectos e realizações..

:: why not?

abril 19, 2011



i'm obsessively interesting in everything..'
in this short documentary, Michael Wolff, father of 20th century brand expression and identity, talks about his approach to looking at the world,
including the muscles of curiosity, appreciation, and imagination.


questionar sempre! descobrir porquê, como, quando é que as coisas acontecem. de que maneira acontecem. o que está por detrás, e para a frente. exercitar permanentemente os 'músculos' da mente. tão importante como todos os outros músculos corpo. a curiosidade de saber como, a capacidade de conseguir apreciar. e a seguir, conseguir imaginar outra forma de fazer. melhor ou não. mas diferente, nova. às vezes sinto um frenesim demasiado nestes músculos. gostava que parassem por uns segundos. que me dessem paz.
mas não. todos os segundos em que vejo, ouço, sinto.. lá vem a frase batida:
_ Some men see things as they are and say why?
I dream things that never were and say why not?*


* George Bernard Shaw

:: femme fatale

abril 13, 2011



como falar de dentro do som?
há uma vibrante reflexão de um intérprete de jazz que anda próximo de o conseguir.
existe, diz ele, aquela canção que nos conta uma história. sugere-nos determinado estado de espírito. acompanha-nos ao longo do dia. compõe determinado quadro. e se for boa – se for competentemente elaborada e meticulosamente executada, se activar todos os botões certos – permite atingir notáveis zonas de intensidade e de impacto. fornece-nos um sentimento forte, excita-nos e distrai-nos. mas a sensação é descendente. o impacto é temporário. a história, por mais que nos toque, pertence, ainda assim, a um tempo particular, a um lugar, a uma fase de estilo, a um dado contexto cultural. perecível em virtude do seu próprio excesso de significado e de literalidade, a canção está datada. está destinada à nostalgia. não interessa o quanto a canção inicialmente mexeu connosco; é possível que mais cedo ou mais tarde acabemos por partir; e, quando o fizermos, deixaremos essa canção para trás.


então, há uma outra canção

que inspira uma história que nós próprios podemos contar. esta canção pergunta-nos como nos sentimos. deixa-nos guiá-la para onde nos fizer sentido levá-la. providencia-nos uma paleta de cores, as tintas, talvez até um esboço preliminar; mas dá-nos o pincel e a escova de pintura. com eles se constrói o cenário à nossa volta. o seu conteúdo são os nossos amigos do costume (e também os inimigos). eles falam um dialecto que nós entendemos sem reservas. somos parte integrante da acção. a história deixa uma imensidão de espaço para a nossa singular imaginação. envolve-nos. não apenas tolera quanto, sobretudo, solicita a nossa participação interveniente. e se for boa – se for poderosa, se for inventiva, se for sedutora – então a experiência emocional que ela garante situa-se a um raro nível de profundidade, em virtude da nossa participação efectiva na sua criação. o impacto é duradouro: porque foi condicionado e fortificado desde o interior. a história permanece: porque nos percorre, onde quer que estejamos, onde quer que a contemos. a canção é para sempre. é intemporal. está sempre connosco, porque a canção somos nós..

'excerto de um plano de negócios de um projecto empresarial. tanto de improvável, como de brilhante.

:: uma coisa em forma de assim

abril 05, 2011



a ideia já prometia: juntar o créme de la créme dos coreógrafos nacionais num short best show. para dar um elo de ligação à coisa, convidaram o piano de Sasseti para percorrer ao longo dos bailados. tudo sobre o manto de o'neill. um cartaz que prometia um belo inicio de noite no Camões.

mas a realidade superou. não sei se foi um bailado com piano, ou um concerto de piano com um bailado a acompanhar. mas tudo fez sentido ali. primeiro Sasseti, a tocar fulgurante, a dominar o piano, os sons que arrancou (literalmente) de dentro do piano, a participar nas coreografias, a ser o elo de ligação, quase velcro transparente. depois as coreografias. algumas mais intensas, outras mais técnicas, mas sempre presente (mesmo que involuntário) o pensamento de o'neill: a luta entre o amor e o cansaço do dia-a-dia, o trabalho vs o prazer, a languidez do desejo contraponto à geometria da dança. e o riso. ah, e o piano. preto, elegante, a peça central, por onde se fez musica, se dançou, se sorriu.. se entristeceu. como só quem é feliz pode entristecer.

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