:: hapinness is what i call fashion

setembro 24, 2013



hapinness is what i call fashion*
li esta frase há muitos anos numa capa de revista e ficou-me na cabeça. porque é uma verdade tão absoluta. sendo que a alegria aqui não é apenas um sorriso, uma piadola, ou uma gargalhada escancarada. não, entenda-se alegria aqui como o brilho da pessoa: é aquela coisa que não sabemos descrever, mas que sai da pele, da cor dos olhos, da forma como os lábios se movem, da forma como se olha. até da forma como se respira. e aqui não há brilhos perfeitos, piores, ou melhores. há brilhos diferentes. algumas pessoas tem peles mate, outras acetinadas, outras com uma tez brilhante. umas soltam o brilho num riso, outras num berro. há pessoas que de tanto (quererem) brilhar, ofuscam tudo à sua volta. incomodam. outras pessoas que de tão pouco brilho, parece que nos puxam para o fundo de um poço. é sempre tudo pesado ali. outras quase transparentes, em que nem brilho, nem parede, nem alma. tornam-se indiferentes.

mas o que importa não é tanto o que se é, mas o que se provoca em com quem estamos.
não é tanto a alegria que temos, mas a capacidade de a transmitir, de a partilhar, de envolver quem nos rodeia nesse brilho, nesse "hapinness". os brilhos mais perfeitos são aqueles que são espelho e luz ao mesmo tempo. em que nos reflectimos e nos iluminamos só com a sua presença. aquelas pessoas que entram numa sala, num carro, numa conversa, e enchem a coisa de energias boas, de risos suaves, mas puros. de toques leves na mão, mas que arrepiam na espinha.
tramada é a gestão do brilho. porque há dias em que não há alegria, nem alma, que resista a tanta adversidade. entre trabalho, mal-entendidos, palavras mal ditas, vontades que não se cruzam naquele momento, o brilho vai-se perdendo. desgasta-se. há horas, dias, semanas, em que sentimos menos alegria, menos paciência, até para os que gostamos. saber gerir isso é quase uma arte. dar espaço quando os outros precisam. recolher ao nosso espaço quando nós precisamos. sim, porque o brilho precisa de carregar as baterias: numa noite bem dormida, num jantar solitário, num domingo fechado em casa com aquelas musicas. ás vezes, só quando se chora perdidamente se limpa o brilho. quase reciclagem material, polimento das pratas oculares..

quando sabemos que estamos na frente de alguém único?
quando o nosso brilho ao seu lado é cada dia mais intenso. quando nos sentimos crescer, cheios de energia, cheios de uma resistência que nem suspeitávamos que tínhamos, cheios de uma vontade, simplificadora, de apenas querer estar bem, feliz, em paz. quando mesmo no meio do caos, da confusão, dos dias pesados, basta um olhar cruzado dessa pessoa e sentimo-nos iluminados. quando um abraço chega para sentir sossego. e aqui tem pouco a ver com o que cada um é.  tem sim a ver com o que duas pessoas juntas são. a tal soma em que 1+1 é mais que 2. quando sentimos que ao lado desse alguém somos melhores pessoas, mais completas e mais completantes. em que sabemos que a nossa luz aumentou, apenas, porque encontrou - finalmente - o espelho certo para se projectar.
' o brilho dos meus olhos é apenas o reflexo dos teus..' é a coisa mais bonita, não de se dizer, mas de se sentir. e tu, fazes-me sentir isso a cada segundo, a cada olhar, a cada riso. obrigado por seres o melhor reflexo do meu brilho..

:: esbardallar

setembro 04, 2013



ESBARDALLAR: deshacer una cosa, una pila o montón de cosas; deshacer un monton de leña picada; espargir os montões de esterco para adubar a terra nos cultivos; desbaratar, desbandar; 
despotricar; hablar sin tasa ni medida. estender, esparcir. decir tonterías y necedades, hablar a tontas y a locas. desbandar, desbaratar. huir en desorden.

tenho para mim uma lei há muitos anos: a dimensão de tudo o que sentimos é relativa à importância do que já vivemos: os problemas, os amores, as angustias, a capacidade de trabalho. por exemplo, se já tivermos organizado uma festa para 500 pessoas, fazê-la para 5 é peanuts. melhor: se já tivermos subido ao everest, subir ali a serra de sintra faz-se com uma perna as costas. assim, sugestão para viver bem, é termos picos de qualquer coisa que nos obrigue a sair da normalidade, qualquer coisa que obrigue a sair da tal "caixa", da "zona de conforto, para que, quando voltarmos, tudo pareça mais simples, menos dramático e mais leve. e melhor de viver.

por isso, esbardalhar-nos de vez em quando, dá saúde e faz crescer.
esbardalhar, ao contrário do que dizem os dicionários, não é uma queda no chão. é antes uma quase queda: é aquele momento em que sabemos que podemos baixar os braços, dizer as maiores parvoíces, rir de tudo, discutir do nada, dizer só por dizer, andar só por andar. basicamente em que fazemos o que nos dá na real gana, só porque sim. mas, atenção, porque sabemos que podemos cair ali, onde nunca vamos chegar ao chão. no máximo um arranhãozito, daqueles que tem história engraçada para contar.
esbardalhar é fazer quase-merda: é beber demais noite dentro, é dançar até torcer o pé, é correr descalço na rua, é discutir à chuva, é chamar nomes, atirar com um balde de água e dizer aos gritos que "nunca mais te quero ver"e a seguir rebentar a chorar a pedir desculpa. é não dormir, não deitar, não falar. é andar de carro sem destino, é ir a praia às quatro da manhã, ir ao mercado antes de abrir e subir o muro do museu depois dele fechar. fazer quase-merda. só porque sim.

está bom de ver que esbardalhar assiduamente com quem amamos é tipo limpeza vernácula. como dizem os galegos "espargir os montões de esterco para adubar a terra nos cultivos".
é aquele momento em que dizemos tudo: o cíume que temos entalado - mas que se diz na brincadeira; a raiva que ficou retida por algum gesto mal pensado - mas que se diz com carinho; as perguntas que não sabíamos em que contexto fazer - mas que encaixam logo na frase mais simples; a palavra amor que ainda não tínhamos coragem de dizer - mas que sai solta a 200 - "amo-te estúpida!"..; ou aquele poema lamechas - mas que por entre lágrimas e ruas escuras, até parece cena de filme. esbardalhar é pôr a merda cá fora, soltar, limpar a alma e as palavras guardadas, mas num contexto de brincadeira, de festa, de "tonteria", em que nada se lava a mal, quase noite de carnaval da relação.
tenho tido esbardalhanços notáveis, uns mais sérios, mas também por isso com um efeito limpeza maior, outros, os melhores, mais divertidos, em que de repente se olha para o relógio e se diz: o quê, já!? mas que se continua o "já" noite dentro, manhã dentro, dia dentro. fazer uma directa a esbardalhar tem um efeito notável no dia a seguir: nunca sabemos se o corpo dormente é da falta de sono ou da felicidade extrema. uma coisa é certa, a normalidade dos dias seguintes é bem mais saborosa de viver..

:: o depois de..

setembro 02, 2013



- Bourdain, o que devo cozinhar para impressionar uma mulher?
- o pequeno-almoço. nessa altura você já teve o que queria. por isso, é um gesto generoso, altruísta. faça algo simpático como acordar mais cedo e faça uma omeleta como deve ser, com a forma perfeita, talvez um pouco de caviar no topo. diz muito sobre si, implica uma certa sensibilidade, uma generosidade..'

nas coisas que nos marcam na vida, 'o depois de' é sempre tão importante como o 'de' em si.
não é o que se vive, o que se diz, ou o que se faz, que acaba por marcar. é sempre o depois disso. o que se viveu depois, o que se disse ou fez depois. quando temos um jantar, mais que o dito, é o que fazemos depois que marca. jantares há muitos. daqueles que acabam onde começa uma boa noite de festa, há menos. daqueles inesquecíveis que acabam com histórias para contar a vida inteira? raros.
quando vou ao cinema, a um concerto, a uma exposição, gosto de sair e parar nalgum balcão a falar sobre o que se viveu ali. é a percepção do que se passou que marca. não apenas o que se passou.
sempre que dizemos algo importante, a um familiar, a um amigo, a quem amamos, não é só o que dizemos que é importante. o 'depois de' é essencial: seja um grito, um abraço, um brilho no olhar, ou o silêncio, apenas. a percepção do que dissemos é tão importante como o que se disse em si.

quando um casal faz amor, o 'antes de' e o 'depois de' são a marca que fica. terminado o momento, o 'depois de' é que nos diz o valor do que acabou de acontecer. um olhar, um gesto, uma lágrima que escorre, um suspiro, uma palavra. qualquer coisa tem de acontecer. hábito perfeito: um riso bom e um cigarro partilhado. um garrafa de água, um doce, e uma conversa tola às 4 da manhã. o que dizem? que 'o depois de' continua a ser daquelas duas pessoas. agora ainda mais próximas, mais soltas, mais de bem com a vida e com elas. continuar a conversa tola até o dia nascer, isso sim, coisa rara e única. como diz uma das minhas frases preferidas, cada vez mais sentida:
- qual é o teu tipo de amanhecer perfeito? o que começou na noite anterior..


' Antonhy Bourdain em entrevista ao Expresso

:: trust/truth

agosto 28, 2013



nestas coisas das relações, a maioria dos sentimentos que temos pelo outro nascem em nós. truque baixo da mente, egoísta e egocêntrica de merda, que nos faz projectar nos outros o que sentimos na nossa pessoa. as dúvidas, os medos, mas também o excesso de confiança, a entrega em demasia. é assim com o ciúme (que nasce da nossa insegurança), é assim com a confiança no outro (que nasce da dúvida da nossa seriedade). e até o amor: não se ama alguém porque a pessoa é assim ou assado. não, ama-se o que a pessoa provoca em nós, o que nos faz sentir com a sua forma de ser e viver. egoísmo puro.

mas acima do amor, está a confiança. confiar, mesmo, de verdade, é algo que raramente se atinge. e por norma, quanto mais difícil a situação, mais se testa a confiança. confiar no marinheiro quando o tempo está bom e o mar calmo, isso é fácil. agora confiar no marinheiro no meio de uma tempestade, em mar alto e com a vela rasgada.. aí sim, é preciso mérito. de quem confia - porque acredita-, e de quem é confiável - porque faz acreditar. tramado da confiança é que ela não se treina. não podemos querer confiar, não é uma coisa que se queria ter. a confiança é algo demasiado inconsciente para poder ser gerida. ou existe ou não existe. resulta pouco de palavras ou intenções. tem a ver com os actos. com os gestos: o que se faz, como se faz, e como se diz que se faz. sim, porque aqui também não basta ser, é preciso parecer.

não questionar ou não ter dúvidas não é confiar. isso é a cegueira. não é aguentar, ou tolerar o que magoa só porque se ama. isso são analgésicos: aliviam a dor, mas não tratam a doença. confiar é questionar tudo. mas com coragem de mexer onde vai doer. é pôr todas as duvidas na mesa para que sejam esclarecidas. por isso a verdade e a confiança estão tão juntas. uma implica a outra. e os momentos de maior crescimento não são os de falinhas mansas e promessas de amor eterno. a certeza cresce é nos momentos das grandes diferenças de opinião, das conversas duras e amargas, em que todos os filtros caem, em que dizem as palavras mais estúpidas, em que o inconsciente salta todo cá para fora, e, coisa autónoma, diz tudo o que lhe apetece: o que achamos verdade e as coisas que até nem concordamos. mas em que algum momento nos passaram pela cabeça.
por muito que doa, por muito que magoe, só quando se perguntam as coisas difíceis - e se respondem - se sossega a confiança. e na vida não há mais paz que isso: ver quem nos quer, a enfrentar-nos, a questionar, a ter a coragem de perguntar. não porque não saiba já as respostas, mas apenas porque as precisa de ouvir na nossa boca. sincera.

:: a minha mulher

agosto 21, 2013


'mulher' deve ser um dos termos mais mal tratados da nossa língua.
tão mal empregue que fica despido do seu ar imperativo, forte e imponente, que é, cada mulher em si. em todas as outras línguas, há sempre um marco com a palavra 'mulher'. no francês "femme" tem algo de misterioso, sempre bem adjectivado: a 'femme' fatale. no inglês, remete para algo poderoso, mesmo quando frágil: a 'woman' under the influence..
no italiano, a força da alma está lá: la 'donna' é mobile. até os nosso vizinhos, broncos e brutos, conseguem pôr toda a furia nas "mujeres' al borde de un ataque de nervios. ou, os nossos irmãos, adocicados pelo clima: receita de 'mulher' é a letra mais bonita - e mais certa -, do senhor vinicius..

por mim, vou continuar a insistir, e a dizer sempre 'a minha mulher' de peito cheio e grito alto! porque se o digo é pelo orgulho de ela ser um pouco minha, no sentido de que me quer, que me gosta, de que me acompanha. não no sentido de posse - quadrado e limitativo - mas sim, na forma completa da palavra: a mulher fatal, bela, carnal, volúvel e sensível.
a minha mulher, não é porque ela é minha. bem pelo contrário, é porque é a mulher em que eu sou alguém, me completo, me entrego. digo minha, só para disfarçar a fraqueza de que eu é que sou dela. quando ela quiser, onde e na forma que me quiser.. desde que seja minha.

wherever, whenever.. whatever.

:: porquê?

agosto 21, 2013



- não vai explicar?
- não.
- porquê?
- porque não..

e se viver ultrapassa todo entendimento, eu digo baixinho para o grão de gergelim:
"resista à tentação de explicar tudo."
explicação é chato. sinta. assim como senti ao acordar que hoje era o dia mais incrível da minha vida. sinta. sem porquês, sem teoria. faça mais e fale menos. não perca tempo pensando por que os homens ou as mulheres têm medo de compromisso. faça melhor: saiba que você só tem um compromisso pra vida inteira, e é com a sua pessoa. e isso já é responsabilidade demais pra um ser humano. não seja o professor, o educador ou o instrutor. seja o exemplo. e também, ainda, não perca tempo pensando por que as pessoas tem que aprender as regras antes de quebrá-las ou por que a sua fila é sempre a mais lenta..

pare de se comparar porque SEMPRE vai existir alguém que fica e alguém que vai. sempre vai existir alguém que ganha e alguém que perde. alguém que diz primeiro. e ao se comparar se perde tempo de se admirar, de se melhorar, de ser o exemplo. em poucas palavras.. deixe sua vida ser o poema épico que deve ser. e deixe para os outros a tarefa de entender o porquê,
enquanto você estiver vivendo.

d'aqui: orabossa.blogspot.pt

:: mar bravo

agosto 20, 2013



disse-te uma vez que não sou pessoa de mar calmo.
não gosto da água morna, do mar parado, das ondas de um palmo. essa quietude pode acalmar, mas não sossega. pode parecer que o mundo está seguro, mas não, está apenas acomodado. gosto do mar bravo, fundo, das ondas altas, cheias de corrente, que puxam e repuxam, que levam e trazem. gosto de mergulhar até ficar sem fôlego, quase sufocar, mas ter aquela sensação brutal de sair em direcção ao céu e sentir os pulmões a encher de novo. e mergulhar outra vez. 

há quem viva assim, nesse mar calmo, feliz na praia de areal liso, no sol certinho, sem brisa a incomodar. não sou melhor, nem pior. sou diferente. porque não me chega viver só o cómodo ou o bom. preciso do incómodo, do mais-que-bom, do inesperado, do limite. porque nada me faz trocar a brisa fria de sagres, pela agua quente do resto do algarve. nada me faz trocar o nevoeiro matinal de óbidos, pelo sol certinho da comporta. ou cheiro a sal e iodo da tocha, pelo areal confortável da figueira. 

levo a vida assim, o que é bastante confuso para quem vive ao meu lado. quando esperam que me acalme no mar morno, eu volto a fugir para a corrente. quase milagre é encontrar quem viva no mesmo limbo. quem tenha uma vontade férrea de lutar pelo que quer, que abandone o confortável, para ter o mais-que-bom, mesmo que correndo o risco de não chegar lá. mesmo que corra o risco de ser levado pela maré forte. mas que importa, tentaste pelo menos. abandonei de vez o padrão de viver na linha da água, a boiar, calmo e sereno. vou continuar a mergulhar contra a onda alta, de olhos abertos, a sentir o ardor do sal na pele, o frio do vento ao pôr-do-sol. a pele enrugada das horas demasiadas na água. disse-te uma vez que a minha alma era como a tua: não gémea, não igual, mas a mesma alma. brava, louca, entregue ao limite que sabemos existir. por isso vem, agora,  e mergulha comigo..  

:: amor imperfeito

agosto 20, 2013



ainda que fosse só a boa conversa, a química eletrizante, o sexo livre. ainda que fosse só a atração física, a admiração das ideias ou os beijos encaixados. você já me valeria a pena. mas não é. tem isso e ainda todo o resto. escuto as pessoas se queixarem repetidamente que o amor completo anda escasso no mercado. encontra-se, às vezes, só a beleza, a afinidade ou o sexo inesgotável. falta o resto. ou ainda, a paciência, o companheirismo, o aconchego. mas a incompletude, ainda sim, reina. e os pessimistas, dizem que não é possível achar alguém do jeitinho que você quer. alguém que te complete, que te baste, que te encante repetidamente. eu, insisto no contrário. porque amores incompletos, não saciam a fome. é como uma dieta só de proteína – você se sustenta por um tempo, se engana, inventa que o buraco no estômago está saciado – bebe água, fuma um cigarro. mas, a falta de carbohidrato, cedo ou tarde, pega. e você volta pro início.

eu nunca quis um amor perfeito. sempre quis mesmo foi um amor cheio de erros, que vão sendo alinhados durante o caminho. porque se tudo já começa certo, não vive-se o prazer da vitória. sempre quis um amor quentinho, daqueles de aconchego no fim de tarde, de colo depois de um dia de cão, de beijo no nariz ao acordar. sempre quis um amor livre - sem a ideia desajustada que um pertence ao outro. com menos regras ditadas - e mais pontos de vista ouvidos. sempre quis alguém com o qual pudesse fazer sexo sem regras - em nome das descobertas. porque sexo bom de verdade, é aquele com instinto e sem razão. sempre quis um amor com respeito. não daquele tipo das “moças de respeito” que querem seu património corporal preservado. sempre quis aquele respeito que te permite ver o outro como um outro ser - cheio de vontades e desejos. respeito é aceitar que o outro é diferente de você. sempre quis um amor que me fizesse crescer. porque o essencial, faculdade nenhuma ensina. o essencial aprende-se na troca de ideias, no debate, nos pontos de vista trocados. sempre quis um amor que me valorizasse: não somente pelas coisas quotidianas, mas principalmente pelas qualidades que poucos enxergam.

sempre quis um amor que me enxergasse. mas não que enxergasse somente as coisas óbvias - porque, de obviedades, a vida está cheia. sempre quis alguém que me enxergasse lá no fundo - e, ainda, sim, gostasse de mim. sempre quis alguém que quisesse ouvir verdades - e falar, também, na mesma proporção. porque meias-verdades não interessam. difícil mesmo é achar alguém que esteja pronto pra ouvir até o mais pesado, até o mais doído e retribuir na mesma moeda. sempre quis alguém que me achasse gostosa - mas que entendesse que gostosura, mora mesmo nas entrelinhas. sempre quis um amor que me mostrasse caminhos - invés de impor trajetórias. sempre quis um amor que não me reprimisse - pelo contrário, que me provocasse para que eu conseguisse mostrar o que vive escondido lá no fundo. sempre quis um amor que sonhasse. e que corresse atrás dos sonhos comigo. não por imposição, mas por vontade de seguir a mesma trilha.

sempre quis alguém que me ganhasse nos detalhes. alguém ao qual eu não conseguisse resistir. alguém que trouxesse brilho pros meus olhos a cada nova atitude, a cada nova ideia a cada novo sorriso. sempre quis alguém pra ficar junto - alguém que entendesse que pra estar junto não é preciso estar perto o tempo todo, mas sim do lado de dentro. porque a proximidade física nem sempre completa tanto quanto a do coração. e não sei se foi por insistência ou merecimento - mas esse amor veio. contrariando os que diriam que amor completo é coisa rara. e hoje, entendo, que o amor bom é o amor livre - que se recicla todos os dias como energia renovável. se vai chegar a ser, se vai durar ou o quanto vai durar - não sei. prefiro a provisoriedade completa, do que a permeabilidade vazia..


* daqui: http://www.casalsemvergonha.com.br/2011/09/26/eu-nunca-quis-um-amor-perfeito/.

:: do sabor

agosto 01, 2013



como distingues num beijo quando estás apaixonado e quando não estás?

quando dói. quando sentires o peito magoado de ansiedade e desejo. quando já não souberes lidar com as palavras, porque aquilo que sentes te transcende. quando o silêncio e a escuridão não forem incomodativos, nem embaraçosos, então podes saber que é algo a sério.
ai os beijos sabem a rebeldia. sabem a força, como alguém determinado a esmurrar uma parede, mesmo que não haja razão aparente para tal. mas também sabem a ternura e a carinho..
é uma mistura agri-doce de sensações, inexplicável, onde há como que uma luta entre algo selvagem e algo doce. por isso, sim, sabem a açúcar. mas também sabem a pimenta. e têm sempre um objectivo: mudarmo-nos, libertarmo-nos. desprendermo-nos e amarrarmo-nos ainda mais..'

' da bublles

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