:: obrigado. palavra absolutamente necessária.

novembro 26, 2010


' o expresso faz hoje 2000 semanas. Obrigado por fazer parte delas.'*
mais que uma frase publicitária, vejo aqui um sinal geracional, uma questão de estilo, de forma de encarar a vida e as outras pessoas. tenho a sorte de trabalhar, num dos meus desígnios, com uma lenda do golf, um senhor em todos os sentidos da palavra. pois, esse senhor, da humildade dos seus 80 anos, todos os dias, quando saio a porta tem o cuidado - simples, mas rigoroso -, de me dizer: Obrigado. noutro dos meus trabalhos, o senhor Reitor, tem o cuidado no fim de todas as apresentações que faço, de me dar os parabéns ou agradecer o meu trabalho.

em qualquer um dos casos fico sempre um pouco atónito, porque no fundo quem tinha de agradecer (e agradeço) o tempo que me dispensam sou eu, ainda um mero aprendiz ao pé de qualquer um dos referidos. ora, este obrigado, é sincero, puro, de quem acha que as pessoas são mais que simples números, competências ou funções. como acredito que o Obrigado do Expresso é mais que uma mensagem comercial, mas um Obrigado sincero do jornal mais carismático da praça. 

Obrigado é uma palavra absolutamente necessária e a precisar de uma recuperação urgente. as novas gerações só pensam nos seus direitos adquiridos, nas suas brilhantes competências (acham eles) e de forma arrogante acham que nunca tem de agradecer, mas sim de exigir. gerações parvas, obviamente. arrepia-me os sentidos sempre que um estagiário me entra pela porta com a pose de quem acha que já sabe tudo, ou quando um fornecedor fica empertigado sempre que lhe digo não ou talvez.. como se ambos me fizessem um favor por estar ali.

da esfera profissional para a esfera pessoal a transição é directa. cada vez se agradece menos, quer por palavras, quer por actos. as pessoas acham-se todas muito importantes e que não tem de agradecer, ou ser simpáticas, ou corresponder no diálogo. mais do que falhas geracionais, é mais um falha de auto-confiança. que leva a que tanta gente ache que agradecer ou ser simpático é uma fraqueza e não uma força. por mim, sempre que é devido a alguém, agradeço. com um sorriso bem sincero, agarrado à palavra: Obrigado!


* frase publicitária no saco do Expresso edição 2000.

:: imonocle

novembro 18, 2010



monocle is a global briefing
covering international affairs, business, culture and design.'


assim, simples, a auto-definição diz tudo sobre 'a plataforma de conteúdos' que é a monocle. há quem leia em papel, quem visite o site, quem receba por email. eu prefiro via podcast:
em versão free, tem-se acesso a todos os vídeos de reportagem, nos diversos folders da monocle. a coisa funciona na medida certa. sempre original, sempre com o mínimo de interesse indispensável e com a duração certa: curto, sintético, mas bem definido.

a sensação é de sair do quadrado por momentos. ir ao japão, dubai, milão, copenhagen.. e voltar dez minutos depois cheio de uma data de ideias brilhantes, novas e sempre aplicáveis em qualquer coisa já a seguir no meu dia. o que custa mesmo é ter de voltar ao quadrado..

no vídeo, mais do que a ideia - só mesmo no japão - fica a brutal simplicidade dos pictogramas e do 'white design'. além do podcast no itunes, o site aqui: monocle.com

:: raparigas como elas

novembro 17, 2010



' as raparigas amam muito.
 

riem atrás das mãos uma manhã inteira para esconder o vermelho dos beijos que alguém lhes roubou e um nome que vão deixar escapar entre as primeiras palavras que disserem.
vestem do avesso os aventais de chita e fazem o leite sobrar do fervedor e o caldo ser mais salgado do que o mar. mas é bonito vê-las caminhar descalças ao longo do corredor, como se pedissem um par para dançar..'

a loja de estar tem artigos para a vida contemporânea. traduzindo, pequenos objectos cheios de bom gosto e simplicidade para pequenos (ou grandes) momentos da nossa vida corrida. basta visitar o sitio da loja, para se perceber o espírito: simplicidade qb, mas com imagens que nos enchem o monitor. anda-se bem por ali, entre leituras e memórias. o mais curioso é que a loja faz lembrar mil coisas, mas nenhuma em concreto. juramos que já vimos os artigos algures na nossa mente, mas parecem simultaneamente novidade. se calhar são, num registo simples, a revisitação de uma memória colectiva - de um certo tipo de refinado bom gosto.

considerações à parte, o projecto fez 1 ano e por isso merece uma visita atenta. e a inscrição na newsletter. que só por si, já nos deixa estar bem..

'Maria do Rosário Pedreira by loja de estar

:: anti-retro

novembro 16, 2010



a onda retro-memory anda-me a cansar um pouco
: esta coisa de simples busca nos arquivos antigos do que foi engraçado num determinado momento do passado, e rebobinar todos os dias a relembrar com grande nostalgia já é um pouco esgotante (começou na rádio, entre cromos e canções do outro tempo, agora até já vai no facebook). uma vez por outra tem piada ouvir o avô das bombocas, a rua de sésamo, os óculos e mini-saias dos anos 70. giro, engraçado qb. mas todos os dias, em todo o lado? enough is enough..


prefiro o sentido estético de revisitação da coisa, em co-re-criação, modelação, reconstrução.. sempre com uma forte componente de criatividade desconstrutiva associada. beber no passado talvez, mas dar-lhe sempre uma nova roupagem/imagem/som num espírito de contemporaneidade. a simples cópia, ou reprodução diz-me pouco. ou pelo menos diz-me poucas vezes.

ps: o anuncio acima (citroen) podia ser brutal exemplo, não fossem as vozes falsas e sobrepostas às originais que nada tem a ver com a mensagem. re-inventar o passado sim. desrespeitá-lo já me parece contraproducente.

:: winter sun

novembro 16, 2010



winter sun label selection: banda sonora para dias quentes de inverno. 

orelha negra, aqui no video. a playlist completa na barra lateral: The Whitest Boy Alive, Orelha Negra, Quantic, Mayer Hawthorne, Waldeck, Jose James, Saint Privat, Nightmares On Wax, Fat Freddy's Drop, Jazzanova, Expensive Soul, 3-11 Porter, Air

:: no porto, o frio apetece

novembro 12, 2010


lareira, chuva, chá, castanhas assadas, folhas no chão, chocolate quente, mantas, pêlo, gorros, botas, meias, café, vinho quente, maçã assada, cachecóis, luvas.. o frio afinal apetece '

cada terra tem a sua época do ano. para mim, o Porto há-de ser sempre sinónimo de inverno. porque a cidade (ou a ideia que tenho) é isso mesmo: fria nos seus espaços, cinzenta, escura, sempre húmida, entre o rio e o mar ventoso. mas no frio, cai o calor das pessoas, o desbragar das palavras, fortes, em tom alto e nada discreto, mas sincero e transparente.
é assim esta mistura que lhe dá uma certa piada. como o sabor forte de um cálice de vinho do porto, quente, num dia frio e chuvoso, em frente ao estalar de uma lareira..

' roubado à loja de estar

:: no reservations

novembro 11, 2010



ainda em cabo mood, outro programa que me faz sentar no sofá. 
vá, é mais sentar no chão, colado às imagens a babar-me.. 
no reservations é um programa sobre culinária e cozinheiros, mas não nos ensina receitas, truques ou afins. basicamente, um famoso chefe - anthony bourdain - fartou-se de receitas, pratos finos e afins e resolveu procurar as origens da coisa: corre mundo à procura das comidas mais tradicionais, antigas e resistentes. 

das Caraíbas aos 'Azores', de New Jersey à Sardenha, o objectivo não é conhecer chef's ou restaurantes. noutra perspectiva, passa mesmo por interagir com as pessoas da terra, entrar-lhes dentro da casa e descobrir as receitas mais puramente intocáveis. descobrir as suas razões e origens, o que dá ainda um gosto mais profundo ao acto de comer e saborear.
puro prazer gourmet, sem tiques de pseudo-chique-alternativo. puro, como o pão quente que a minha avó me trazia do forno antigo, logo pela manhã.. (já estou a babar..)

o excerto acima é mais uma memória - e saudade - do que uma descoberta. tal como no filme, também lá por casa se amassava na velha bacia de madeira, benzia-se o pão, deixava-se no forno com a lenha em fogo.. e a frase final é mais do que certa: "o sabor é especial, muda, quando se faz o pão com as nossas mãos". como em tudo, aliás..

ps: acho que era capaz de passar umas férias só a fazer isto.
ou, a hipótese mais real, correr para a cozinha, e experimentar uma data de novas ideias..

:: top gear

novembro 09, 2010



' it's a journey into the male mind, witch i believe it's a potential very funny place,
because, let's face it: nothing happens there!!'

nunca soube muito de mecânica além do kit sobrevivência: trocar um pneu, ver o nível da água e óleo e a pressão dos pneus - quando já estão em baixo. nunca liguei se o carro tem 110 ou 150 cvs (afinal tem 190), se tem travões xpto ou platina: desde que trave. diferente no entanto, é apreciar um carro: a estética, a velocidade (não a máxima, mas o poder de aceleração), o silêncio do habitáculo, o conforto desportivo, no fundo a 'alma' da peça em si: design puro!
 
serve isto para dizer que apesar de nunca ter lido uma revista de automóveis, de não ligar puto a conversas sobre motores e performances, sou addicted de um programa de automóveis simplesmente brutal: TOP GEAR: humor british puro lated bottled!..

a questão é que o TOP GEAR é um talk show de humor da BBC (of course), que por acaso tem como tema automóveis. mas podia ser de iogurtes. é a 'alma' do humor do programa que conta. os homens - neste caso, a fabulous 3 -, imaginam as situações mais caricatas para testar automóveis, gozam com os carros, com as marcas, com os condutores de fim-de-semana, até gozam desalmadamente com eles próprios. e eu passo uma hora a rir num programa sobre.. carros. brilhante.

ah, e não é só um programa para homens. a consideração acima pode estender-se à espécie fe-male.. em todos os sentidos da frase!

post script:
o programa passa algures no cabo (nunca sei o canal), algures numa hora (que às vezes lá acerto)
ainda o link da reportagem behind the scenes no '60 minutes', a tal 'excelência de conteúdos da cbs', aqui

:: os entendidos

novembro 01, 2010


entendido. def.:/ pessoa que tem conhecimento de determinada matéria; conhecedor; perito.


dão-me uma certa graça, 'os entendidos'. agrupo aqui as pessoas que por moda, ou por convicção, ou seja lá pelo que for, decidiram que hão-de perceber muito de qualquer coisa: vinhos, cinema, música, moda, política, literatura.. whatever. o que me faz rir deles, não é o que (supostamente) percebem: é a forma como sentem a necessidade de exibirem esse conhecimento. confesso que para mim, não passam de formas de estragarem o prazer das pequenas coisas da vida, especialmente quando me tentam impor esse conhecimento, sem eu ter perguntado sequer. no fundo, acho que essa 'categoria' de pessoas acaba por deixar de conseguir perceber o que está a apreciar. com tanta busca de tecnicidade, perdem o essencial. simplifiquem..

entendido só quero ser na minha(s) profissão(ões). já me chega. quanto ao resto basta-me saber o suficiente para poder fazer a melhor opção - ou a mais próxima. quero lá saber se as castas são francesas ou americanas, se devia estar a 15º ou 18º. a mim chega-me olhar para a cor e perceber o que ali vem, saborear, sentir o prazer do sabor mais ou menos frutado, e saber o suficiente para ter uma conversa interessante de 5 minutos sobre o assunto. tudo o resto já é informação a mais. que eu dispenso. ignorante? talvez. ou um apreciador da vida simples.

'foto nas caves cálem: onde um casal de 'entendidos' me fez rir despregado com a imbecilidade das perguntas 'técnicas'.

:: renovar

outubro 31, 2010



há sempre um sítio para fugir.
se queres saber, há um sítio onde podes descansar, onde há sempre alguém para te agarrar.
eu vou-te ver antes da dança. antes do tempo te mudar, eu vou saber antes da névoa te vestir e te levar. se queres saber, há sempre alguém para te salvar, há sempre alguém para te dizer se vais cair, para te travar e adormecer antes da noite te sarar, antes da chuva te romper e te lavar.

se queres saber há um sítio onde a estrada te deixou por onde tens que ir, se te queres libertar.
e tudo o que for por bem, tudo o que der razão, tudo te vai unir, no caminho de voltar. porque há sempre paz noutro lugar, entre nuvens. um sítio onde podes perceber que há sempre alguém para te ver, em segredo. um sítio para te descobrir e renovar..
 

'caminho de voltar' @ em fuga, de tiago bettencourt & mantha.

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